Como criar engajamento em eventos online através das 7 formas de aprendizado

Bold Eventos Estratégicos
7 min readJan 27, 2021

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Uma das principais reclamações que eu escuto neste novo cenário de eventos online é o tal do engajamento. Mais precisamente, a falta dele.
O ano de 2020 nos mostrou que, garantir a participação e a atenção da audiência é um desafio enorme no formato online.

A tecnologia nos manteve mais conectados no que nunca, mas também trouxe malefícios ao psicológico das pessoas. Falta de atenção, zoom fatigue, esgotamento. Um desafio a mais para quem contava apenas com o conteúdo para prender sua audiência. Por isso, a importância de oferecer "algo a mais" não só para prender sua atenção mas para fazer aquela experiência valer a pena.

Sim, eventos online possibilitam levantar mais dados mensuráveis. Mas vamos combinar, ter o registro de que uma pessoa está "logada" não quer dizer que ela esteja prestando atenção. Ela pode deixar o player tocando, mas estar com sua atenção focada em outra coisa.
O tempo de atenção no online é menor! São muitas distrações e não só no computador. Comparando com os eventos físicos, até mesmo vendo que uma pessoa está sentada na plateia não é garantia de que esteja prestando atenção, quanto mais aprendendo alguma coisa.

Vamos nos aprofundar neste tema.
Por que garantir que o público esteja aprendendo algo real no seu evento é importante, afinal de contas?

  • As pessoas veem mais valor no que lhes traz benefícios. Afirmação óbvia, mas que precisa ser dita. Toda relação é carregada de interesse, seja ele qual for. Afinal, sua audiência está investindo seu tempo, algumas vezes dinheiro, para deixar de lado outras coisas que, adivinha, trazem benefícios para elas.
  • Demonstrar seus produtos, consolidar seu posicionamento e se colocar como um parceiro que faz diferença no dia-a-dia dos clientes são alguns dos desafios que as empresas que lidam com redes e comunidades enfrentam diariamente. Passar esta mensagem com eficiência faz a sua empresa ser sempre lembrada.
  • Cliente fiéis não questionam preço, apenas confiam na sua entrega, pois sabem que será de qualidade
  • Sabe aquela sensação de sair de uma aula, palestra, reunião, com o caderninho cheio de anotações e insights que geram projetos futuros? Foca neste comportamento.
  • E lembra da frase: “as pessoas dificilmente vão lembrar do que você falou, mas certamente se lembrará de como você a fez se sentir?” Guarda este sentimento também.

Ou seja,
A curto prazo: gratidão e experiências transformadoras.
A longo prazo: menor custo de aquisição de clientes, comunidade engajada e vendo valor no seu produto.

Mas como posso gerar estas sensações no público que participa do meu evento?

Já entendemos que a forma como o público engaja com um evento tem muito a ver com o valor que ele recebe pela participação, entre eles o aprendizado. E engajamento tem tudo a ver com estímulo, com incentivo.

Defendendo a tese de que nenhum ser humano é desmotivado por natureza, o psicólogo americano William Glasser desenvolveu a “Teoria da escolha”, onde defende que para aprender, a pessoa precisa de estímulos externos que aumentam seu engajamento, elevando assim a quantidade de conteúdo absorvido.
Esta teoria originou a “Pirâmide de aprendizagem”, que provavelmente você já deve ter visto por aí.

Pirâmide de Aprendizagem de William Glasser. Arte: Bold Eventos Estratégicos

A pirâmide é dividida em duas partes, partindo do topo da pirâmide como sendo a zona de menor retenção de aprendizado, em direção à base, com maior retenção de aprendizado:

  • Zona de aprendizagem passiva: ler, ver, ouvir, ler e ouvir
  • Zona de aprendizagem Ativa: discutir, praticar, ensinar

É muito comum você encontrar esta imagem com a porcentagem correspondente à quantidade de conteúdo absorvido: do topo com menos absorção, à base, com mais absorção. Tais porcentagens já foram contestadas em estudos, mas não quero que você se apegue a isso.

O importante a observar e tirar insights é que, quanto mais envolvimento com o conteúdo, mais aprendizado é absorvido. Ok?
Meu objetivo aqui é, além de falar sobre os diferentes níveis de engajamento, trazer exemplos e algumas dicas de experiências que podem gerar valor ao evento. Vamos a eles:

Antes disso: estamos em tempo de isolamento físico, mas um dia voltaremos a circular e voltar a nos encontrar em eventos físicos e híbridos. Então as dicas aqui também valem para um cenário futuro em que poderemos voltar a circular pelos eventos físicos.

Ler:

A forma de contato com menos retenção de informação é a leitura. Por isso, ao utilizar a escrita como forma de comunicação, a melhor forma é fazer com que o leitor possa consultar este material depois.

Exemplos: email, ebook, folheto, ou mesmo livros. Por que não criar kits de boas vindas para adicionar emoção no contato com este material e elevar a experiência de leitura? Também não esqueça de enviar os resumos e materiais após o evento.

Ver:

Uma imagem vale mais que mil palavras, certo?
Nossa sugestão de comunicar através de imagens tanto no pré, quanto durante e no pós evento, é fazer uso de animações gráficas, infográficos, stop motion (olha o sucesso de apps como Tiktok e o Reels do Instagram).

Durante o evento, fazer uso de cabines de fotos (tanto no físico quanto no online) ou painéis é uma forma de interação bem divertida em que as pessoas acabam compartilhando a participação nas suas redes sociais.

Painel interativo para fotos. Evento Inception, dezembro de 2019. Foto: Gabriel Schlickmann

Ou então incluir facilitação gráfica em tempo real, em que os participantes podem ter uma imagem visual do que foi falado no evento.

Anotações de um evento online viram material de estudo pós evento. Foto e arte: Event Design Canvas.

Ouvir:

Por falar em distração por diferentes estímulos, o que dizer dos áudios?
Eu, pessoalmente, adoro fazer exercícios, caminhadas ou mesmo tarefas domésticas ouvindo um bom podcast. Aproveito uma atividade manual, em que meus pensamentos voam para aprender algo.

E com a pandemia, este formato cresceu cerca de 200%, segundo um relatório publicado pelo Deezer, app de áudios via streaming (concorrente direto do Spotify).
Por que não transformar os áudios dos eventos em podcasts? Claro, avise ao palestrante para que ele esteja preparado para adaptar sua fala também para um público ouvinte, e não se esqueça de garantir seus direitos autorais.

Foto: William Krause/Unsplash

Outro fenômeno em ascensão é o Clubhouse, um aplicativo para celular onde acontecem discussões somente por áudio sobre temas variados.
Funciona como uma plataforma de lives, porém somente via áudio. Você se cadastra e ouve os debates em tempo real, podendo inclusive levantar a mão e “subir ao palco” para fazer sua pergunta no ar. A desvantagem do app é não poder ouvir novamente, pois não há gravação ou armazenamento dos debates.

Ver e ouvir:

Você provavelmente utiliza este método em todos os seus eventos. Palco, fala do palestrante, conteúdo na tela. Bem parecido com o que ocorre em salas de aula, com demonstração de matéria através do professor.

Importante voltar ao nosso assunto principal deste artigo: queremos ter mais atenção e engajamento da audiência e este método já se mostra ultrapassado quando falamos em reter o participante.

Discutir:

A partir deste nível, a participação passa a ser ativa. O público é incentivado a participar. Seja por perguntas feitas ao palestrante, seja como protagonista de uma sala de discussão.

É preciso dar esta oportunidade de fala aos participantes. Estipular um tempo para que eles possam tirar dúvidas por escrito ou por áudio, ou por vídeo.

Também sugerimos criar fóruns menores, em que o participante se torna parte da discussão, trazendo não só suas experiências mas também aprendendo muito com seus pares.

Sendo protagonista na programação, maiores as chances de ter sucesso com networking.

Praticar:

Exercícios práticos, workshops. Eu sempre ouvia a mesma reclamação do público de um evento recorrente que eu produzia: que as palestras eram ótimas, mas que não sabia como levar os aprendizados para seu dia-a-dia. A partir deste mesmo feedback de várias pessoas, decidimos levar o conteúdo para workshops práticos.

Outra forma de fixar os aprendizados é fazer anotações. E não estou dizendo somente dos famosos notebooks que geralmente são dados como brindes. Dê um upgrade a esta experiência.

Por que não convidar os participantes a anotarem seus insights em um único documento online e compartilhado em nuvem?

Ensinar:

E por último, o tipo de participação com maior retenção de aprendizado é Ensinando.

Quando o participante é convidado a repassar seus conhecimentos, ele se prepara, faz pesquisas. Por que não abrir o palco para o participante falar como se fosse parte da programação?

Crie palcos onde quem manda na programação é o participante. Ou reserve um espaço na plataforma para que ele deixe seu depoimento ou colabore com seus conhecimentos.

O App da Moblee é uma ferramenta que traz a gamificação como incentivo ao engajamento.

A Pirâmide de Aprendizado não aborda a Competição como forma de aprendizado.
Mas me permito adicionar a Gamificação como um grande incentivador de engajamento.
A audiência é incentivada a realizar tarefas como networking, downloads e a ser mais ativo para no final ser bonificado de alguma forma. O tom de competição aumenta o engajamento, mas cuidado para que isso não se torne mais importante que o próprio aprendizado.

Concluindo, tudo se resume a criar oportunidades de interação e estimular o engajamento das pessoas. Antes mesmo de aplicar qualquer um destes níveis de aprendizado, converse com seu público. Entenda quais suas dores e como você pode ajudar a resolvê-las. Pesquise por plataformas que possibilitem estes tipos de interação, teste, participe de eventos de outras empresas, observe e experimente.

Vale ressaltar que esta é apenas uma das diversas abordagens para colocar em prática na hora de planejar um evento e que pode trazer dicas e insights relevantes na missão de elevar as experiências vividas pelo participante.

Nosso objetivo aqui é fazer esta provocação e fazer você pensar em como tornar os eventos cada vez mais transformadores e estratégicos para sua empresa.

Espero que este artigo te traga muitos insights!
Deixe aqui seu comentário, dúvida ou divida aqui sua experiência com esta abordagem.

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